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domingo, 29 de abril de 2012

ARDENTE DESEJO

                         Capitulo II


    Rodrigo se fecha completamente e não diz uma palavra, percebendo que estava sendo inconveniente, peço desculpas por estar invadindo sua intimidade.
— Você não esta sendo inconveniente, não pense isso, esse é meu jeito, como já percebeu sou de poucas palavras e falar da minha vida pessoal então, é algo que ao longo desses 25 anos eu não aprendi— disse Rodrigo olhando em meus olhos.
Eu tenho isso de achar que posso ajudar todos, dar conselhos, enfim gosto de ouvir as pessoas, por isso te digo, que se um dia quiser conversar sobre isso que esta te afligindo, estarei sempre disposto a ouvi–ló —  disse eu.
Senti que Rodrigo, estava sendo carinhoso comigo, pois me pareceu preocupado em não me ofender. Perdi completamente o meu foco, que era saber se tinha alguma chance, com aquele rapaz lindo,que despertava em mim um ardente desejo, que a qualquer momento me faria perder a cabeça. Ele me olhava de uma forma que me deixava desconsertado, me deixando quase convencido que ele estava afim de mim. Com fome, sugeri a ele que Pedíssemos algo para comer, foi ai que indiquei um petisco que gosto muito, iscas de pernil, Rodrigo consentiu, parece ate que foi para me agradar. Esqueci completamente de tudo a nossa volta, era como se existisse somente eu e ele, então vi que o barzinho estava, cheio sem lugares disponíveis, a maioria das pessoas presentes eram casais.
— Eu não conhecia esse lugar, pelo que estou vendo é frequentado mais por casais, olha aquele casal a sua direita, o rapaz de preto com uma moça de vermelho, casal bonito— eu disse.
       — Sim, casal bonito mesmo— concordou Rodrigo.
Com essa resposta, me convenci de que Rodrigo não era hetero, que era bem provável que já tinha mantido relacionamento gay, mas tudo era suposição ainda não tinha certeza de nada. Eu precisava aprofundar no assunto e assim conseguir que Rodrigo dissesse algo que me desse à certeza de sua orientação sexual.
       — Já veio aqui com alguma namorada não é? Estou convicto que este local e frequentado mais por casais — perguntei.

Rodrigo hesitou um pouco em responder, eu acreditava que agora teria uma resposta que poderia tirar minha duvida.
      
       —Sim, algumas vezes com alguém especial e outras com amigos mesmo— respondeu ele.
Alguém especial? Porque não dizer com alguma garota? Os termos que Rodrigo usava estavam deixando bem claro para mim que ele não curtia mulher. Vontade de partir para o ataque não me faltava, porém não era o momento de chegar ao meu objetivo.
      
       —Que tipo de pessoa especial seria?─ indaguei.
       — Pessoa especial.... é aquela que tive algum envolvimento, sentimental ou até mesmo só sexo — respondeu Rodrigo, com um sorriso sem graça.

A cada tentativa um fracasso, Rodrigo não facilitava as coisas. Em minha cabeça muitas perguntas querendo respostas, porém elas dependiam exclusivamente dele. Quem tinha enviado os torpedos e ligado para ele, seria uma ex-namorada? Um ex-namorado? Apesar de ter muitos casais, havia uma mesa não muito afastada da nossa com quatro lindas moças, eu ficava reparando se Rodrigo olhava para elas, que não tiravam os olhos de nós.
       — Quatro gatas na mesa ao lado, você viu? — provoquei.
       — Notei sim, uma mais linda que a outra, já escolheu a sua? — disse ele com tom de ironia.
Rodrigo estava tirando onda da minha cara, pois quando terminou a frase deu uma gargalhada. Pelo visto ele já tinha sacado do que eu gostava. Mas para por fim as duvidas insisti.
       — Ainda não decidi, estou em duvida, todas são muito atraentes e você gostou de alguma?
       — Na verdade Felipe ,aceitei seu convite para que pudéssemos nos conhecer melhor, até porque no escritório não temos essa oportunidade e assim jamais passaremos de colegas de trabalho. Quero que sejamos verdadeiros amigos— falou Rodrigo.
       Ele pareceu sincero, mas ao contrario dele eu queria bem mais que sua amizade, queria ele por completo só para mim, era impossível não imaginar aquele corpão todo despido sobre o meu, eu imaginava cada detalhe, o calor de seu corpo, seu cheiro, o gosto de seus lábios. A imagem de nos dois entregues ao prazer não me saia da cabeça, esse era o meu ardente desejo, estar com ele em uma cama, sendo um do outro, poder percorrer cada milímetro de seu maravilhoso corpo com minha boca. Decidi dar um tempo ao meu desejo, conversamos bastante naquela noite, no entanto Rodrigo não tocou em nenhum assunto pessoal, as horas passaram que nem vi. O barzinho já não estava mais lotado de clientes a maioria já tinha ido embora. Rodrigo disse que estava cansado e perguntou se eu queria ir embora, eu disse que por mim estava tudo bem. Pagamos a conta e a caminho do carro ele diz:
       — Gostou?
       — Gostei e muito, de tudo, principalmente da companhia — respondi, dando um soquinho em seu ombro.
       — Então voltaremos mais vezes, o que acha? — perguntou Rodrigo.
       — Acho uma excelente ideia. Você falando assim, me faz acreditar que seremos amigos realmente — disse eu todo feliz.
       — Pode ter certeza que sim— disse ele.
      
Chegamos até o carro, dei uma olhada em direção ao barzinho e pensei o quanto foi bom estar ali por algumas horas em uma companhia tão especial. No carro a caminho de minha casa sugeri a Rodrigo que em uma próxima oportunidade deveríamos ir a uma balada, perguntei se ele dançava e ele respondeu que sim e que gostava muito. Por mais que eu tentei, saber mais sobre ele, pouco consegui, pois ele não falou nada em relação a sua família, amigos e naquele momento, eu torcia para que ele não tivesse amigos, para que assim eu fosse sua única companhia.
      
       —Vou adorar ir a uma balada com você, tenho certeza que iremos nos divertir muito. Como dessa vez, foi eu quem escolheu onde iríamos, é mais do que justo, você escolher o lugar da próxima vez que sairmos. Sabe de algum lugar bom, onde tenha boa musica e gente bonita? — Rodrigo falou.
       — Conheço uma boate ótima — respondi.
       — Òtimo! Iremos nela então — disse ele atento ao transito.
      Minha duvida era se ele iria gostar, pois estava meus planos era leva-lo em uma boate gls. Depois de tantas perguntas sem respostas e ele sempre se esquivando, já estava com a certeza de que Rodrigo não era hetero, pelo menos naquele momento. Quem tinha ligado para ele? Isso também era mais uma pergunta sem resposta.
Rodrigo ligou o som alto do carro, seria impossível conversar com aquele volume todo, provavelmente ele não queria que eu fizesse mais perguntas, eu até então não tinha noção de onde e com quem ele morava, então me veio a ideia de convida-lo para dormir em meu apartamento, já que ele havia dito que estava cansado, seria arriscado ele dirigir sozinho nesse estado, poderia acabar dormindo no volante e sofrer um acidente, seria esse argumento que eu usaria para convence-lo a passar a noite comigo, que dizer em meu AP. Rodrigo olha para mim varias vezes, eu queria saber o que estava passando em sua cabeça,era notável que estava gostando da minha companhia e eu claro adorando cada minuto ao seu lado. Então ele abaixa o som e volta a conversar.
—As vezes ate parece que já nos conhecemos a muito tempo. Gostaria de ter tido a chance de conhecer bem mais antes.
— E imaginar que já faz um certo tempo que você esta no escritório. Sempre tive vontade de fazer amizade com você, mas faltava oportunidade— falei.
— Sempre fui de poucos amigos, porem sei valorizar os poucos que consigo fazer. No escritório mesmo, você até agora é a única pessoa que vejo como um amigo, o restante são apenas colegas de trabalho— disse ele.
Rodrigo estava destacando demais a amizade, pelo visto estava me vendo mesmo como um amigo. Chegamos em frente ao meu prédio, já não havia mais movimento, pouquíssimos veículos passavam por ali naquele momento.
— Bom Felipe, esta entregue.
— Eu sim, mas você havia falado que estava cansado,tem certeza que pode dirigir, não corre risco de acabar dormindo? Pode dormir em casa— disse eu, torcendo para que ele aceitasse minha sugestão.
Rodrigo sorriu e disse que estava bem disposto, que não tinha menor chance dele dormir ao volante, e que não iria me incomodar. O meu desejo era de não descer do carro, de não permitir que ele fosse embora, queria leva-lo comigo para o meu quarto, para minha cama, tirar cada peça de roupa do seu corpo e depois de muito prazer dormir com nossos corpos colados um ao outro. Expliquei a ele que eu morava sozinho e que não seria nenhum incômodo receber ele em minha casa.
— Eu, contrario de você não moro sozinho— disse ele sorrindo.      
— Não? E mora como quem?
— Com minha mãe. Tenho um irmão mais velho que eu, ele se casou a pouco mais de um ano, e se mudou para outra cidade,quando surgiu uma melhor oportunidade de trabalho— explicou Rodrigo.
Depois de tantas horas juntos, pela primeira vez Rodrigo revelou algo sobre sua vida familiar,era bem visível pelo seu tom de voz que sua mãe era muito querida e que ele tinha um zelo muito grande para com ela.
— Há quase dois anos que resolvi morar sozinho, queria a minha independência, e meus pais me deram todo apoio, mesmo sendo filho único, acabaram acatando meu desejo de morar sozinho. Não quer mesmo subir, pelo menos para conhecer onde me escondo —  disse eu rindo.
— Prometo que em outra oportunidade conhecerei seu apartamento, porem hoje não é possível mesmo. Preciso ir.
— Tudo bem, não irei insistir , mas espero uma visita sua— falei um tanto quanto desapontado.
—Combinado.
Desci do carro e fiquei olhando Rodrigo partir. Já na sala do meu apartamento, sentei no meu sofá e fiquei por um tempo pensando sobre tudo o que conversamos e a forma como ele me olhava. Cansado eu precisava de um banho para ir pra cama. Tomando meu banho fiquei imaginando como seria maravilhoso ter Rodrigo ali comigo,não era apenas o desejo, mas eu estava apaixonado perdidamente por ele. Uma ideia surgiu, será que ele tinha ido mesmo para casa? Quem sabe ele tinha marcado algo com a pessoa que havia ligado para ele antes quando estávamos no barzinho.Sai do banho e segui para o meu quarto e como de costume fui conferir meu celular, se não tinha alguma mensagem ou ligação, e para minha surpresa tinha sim uma nova mensagem, era de Rodrigo o dono de todos os meus pensamentos e desejo ardente, eram essa as palavras na mensagem:”Tenha uma ótima noite, obrigado pela sua amizade. Abraço”. Me perguntei se era mesmo amizade o que ele queria de mim, pois a forma como me olhava era tão instigante, por alguns momentos parecia que me deseja igual eu o desejava. Depois de já estar deitado, resolvi responder seu torpedo dizendo na mensagem: “Boa noite, gosto muito de você. Forte abraço.” Fiquei pensando se ele estava dormindo, se pensava em mim, e por fim se estava mesmo em sua casa, algo me dizia que não, ele tinha ido para outro lugar qualquer, menos sua casa, um sentimento me invadiu, era ciúmes, não me saia da mente a imagem de Rodrigo nos braços de outra pessoa.
Rodrigo era o tipo de homem que eu sempre quis conhecer, e ter ao meu lado para poder amar, tive poucas experiências, quando tinha dezoito anos de idade namorei uma garota, um namoro que durou sete meses,mas nesse mesmo período conheci Matheus um cara que me fez sentir um prazer, que eu não sentia com Thais, minha namorada, foi com ele que rolou meu primeiro beijo gay, minha primeira transa com um cara, ficamos juntos por quase dois anos, ele precisou se mudar o que fez nós seguir caminhos opostos, depois de Matheus é claro que conheci outros caras,fiz sexo por sexo muitas vezes, mas não era isso que eu queria, porque era essa a imagem que eu tinha de todo gay, que eram pessoas em busca de sexo, apenas sexo, e com Rodrigo era diferente não queria apenas ir para cama com ele, queria ele comigo todos os dias, no entanto eu tinha que saber o que realmente Rodrigo curtia, se era homens, mulheres  ou os dois, queria entender porque ele se esquivava do assunto relacionamento e em nenhum momento se referiu aos seus relacionamentos revelando o sexo deles, eu precisava de uma resposta e estava disposto a obtela.












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