Capitulo II
Rodrigo se fecha
completamente e não diz uma palavra, percebendo que estava sendo inconveniente, peço desculpas por estar invadindo sua intimidade.
— Você
não esta sendo inconveniente, não pense isso, esse é meu jeito, como já
percebeu sou de poucas palavras e falar da minha vida pessoal então, é algo que
ao longo desses 25 anos eu não aprendi— disse Rodrigo olhando em meus olhos.
— Eu tenho isso de achar que posso
ajudar todos, dar conselhos, enfim gosto de ouvir as pessoas, por isso te digo,
que se um dia quiser conversar sobre isso que esta te afligindo, estarei sempre
disposto a ouvi–ló — disse eu.
Senti
que Rodrigo, estava sendo carinhoso comigo, pois me pareceu preocupado em não me
ofender. Perdi completamente o meu foco, que era saber se tinha alguma chance, com aquele rapaz lindo,que despertava em mim um ardente desejo, que a qualquer
momento me faria perder a cabeça. Ele me olhava de uma forma que me deixava
desconsertado, me deixando quase convencido que ele estava afim de mim. Com
fome, sugeri a ele que Pedíssemos algo para comer, foi ai que indiquei um
petisco que gosto muito, iscas de pernil, Rodrigo consentiu, parece ate que foi
para me agradar. Esqueci completamente de tudo a nossa volta, era como se
existisse somente eu e ele, então vi que o barzinho estava, cheio sem lugares
disponíveis, a maioria das pessoas presentes eram casais.
— Eu
não conhecia esse lugar, pelo que estou vendo é frequentado mais por casais, olha
aquele casal a sua direita, o rapaz de preto com uma moça de vermelho, casal
bonito— eu disse.
— Sim, casal bonito mesmo—
concordou Rodrigo.
Com essa resposta, me
convenci de que Rodrigo não era hetero, que era bem provável que já tinha
mantido relacionamento gay, mas tudo era suposição ainda não tinha certeza de
nada. Eu precisava aprofundar no assunto e assim conseguir que Rodrigo dissesse
algo que me desse à certeza de sua orientação sexual.
— Já veio aqui com alguma namorada não é? Estou convicto que
este local e frequentado mais por casais — perguntei.
Rodrigo hesitou um pouco
em responder, eu acreditava que agora teria uma resposta que poderia tirar
minha duvida.
—Sim, algumas vezes com
alguém especial e outras com amigos mesmo— respondeu ele.
Alguém especial? Porque
não dizer com alguma garota? Os termos que Rodrigo usava estavam deixando bem
claro para mim que ele não curtia mulher. Vontade de partir para o ataque não
me faltava, porém não era o momento de chegar ao meu objetivo.
—Que tipo de pessoa
especial seria?─ indaguei.
— Pessoa especial.... é
aquela que tive algum envolvimento, sentimental ou até mesmo só sexo — respondeu
Rodrigo, com um sorriso sem graça.
A cada tentativa um
fracasso, Rodrigo não facilitava as coisas. Em minha cabeça muitas perguntas
querendo respostas, porém elas dependiam exclusivamente dele. Quem tinha
enviado os torpedos e ligado para ele, seria uma ex-namorada? Um ex-namorado?
Apesar de ter muitos casais, havia uma mesa não muito afastada da nossa com
quatro lindas moças, eu ficava reparando se Rodrigo olhava para elas, que não
tiravam os olhos de nós.
— Quatro gatas na mesa ao lado, você viu? — provoquei.
— Notei sim, uma mais linda que a outra, já escolheu a sua? — disse
ele com tom de ironia.
Rodrigo estava tirando
onda da minha cara, pois quando terminou a frase deu uma gargalhada. Pelo visto
ele já tinha sacado do que eu gostava. Mas para por fim as duvidas insisti.
— Ainda não decidi, estou em duvida, todas são muito atraentes
e você gostou de alguma?
— Na verdade Felipe ,aceitei seu convite para que pudéssemos
nos conhecer melhor, até porque no escritório não temos essa oportunidade e
assim jamais passaremos de colegas de trabalho. Quero que sejamos verdadeiros
amigos— falou Rodrigo.
Ele
pareceu sincero, mas ao contrario dele eu queria bem mais que sua amizade,
queria ele por completo só para mim, era impossível não imaginar aquele corpão
todo despido sobre o meu, eu imaginava cada detalhe, o calor de seu corpo, seu
cheiro, o gosto de seus lábios. A imagem de nos dois entregues ao prazer não me
saia da cabeça, esse era o meu ardente desejo, estar com ele em uma cama, sendo
um do outro, poder percorrer cada milímetro de seu maravilhoso corpo com minha
boca. Decidi dar um tempo ao meu desejo, conversamos bastante naquela noite, no
entanto Rodrigo não tocou em nenhum assunto pessoal, as horas passaram que nem
vi. O barzinho já não estava mais lotado de clientes a maioria já tinha ido
embora. Rodrigo disse que estava cansado e perguntou se eu queria ir embora, eu
disse que por mim estava tudo bem. Pagamos a conta e a caminho do carro ele
diz:
— Gostou?
— Gostei e muito, de tudo, principalmente da companhia — respondi,
dando um soquinho em seu ombro.
— Então voltaremos mais vezes, o que acha? — perguntou Rodrigo.
— Acho uma excelente ideia. Você falando assim, me faz acreditar
que seremos amigos realmente — disse eu todo feliz.
— Pode ter certeza que sim— disse ele.
Chegamos até o carro, dei
uma olhada em direção ao barzinho e pensei o quanto foi bom estar ali por
algumas horas em uma companhia tão especial. No carro a caminho de minha casa
sugeri a Rodrigo que em uma próxima oportunidade deveríamos ir a uma balada,
perguntei se ele dançava e ele respondeu que sim e que gostava muito. Por mais
que eu tentei, saber mais sobre ele, pouco consegui, pois ele não falou nada em
relação a sua família, amigos e naquele momento, eu torcia para que ele não
tivesse amigos, para que assim eu fosse sua única companhia.
—Vou adorar ir a uma balada com você, tenho certeza que iremos
nos divertir muito. Como dessa vez, foi eu quem escolheu onde iríamos, é mais
do que justo, você escolher o lugar da próxima vez que sairmos. Sabe de algum
lugar bom, onde tenha boa musica e gente bonita? — Rodrigo falou.
— Conheço uma boate ótima — respondi.
— Òtimo! Iremos nela então
— disse ele atento ao transito.
Minha duvida era se ele iria gostar, pois
estava meus planos era leva-lo em uma boate gls. Depois de tantas perguntas sem
respostas e ele sempre se esquivando, já estava com a certeza de que Rodrigo
não era hetero, pelo menos naquele momento. Quem tinha ligado para ele? Isso
também era mais uma pergunta sem resposta.
Rodrigo
ligou o som alto do carro, seria impossível conversar com aquele volume todo,
provavelmente ele não queria que eu fizesse mais perguntas, eu até então não
tinha noção de onde e com quem ele morava, então me veio a ideia de convida-lo
para dormir em meu apartamento, já que ele havia dito que estava cansado, seria
arriscado ele dirigir sozinho nesse estado, poderia acabar dormindo no volante
e sofrer um acidente, seria esse argumento que eu usaria para convence-lo a
passar a noite comigo, que dizer em meu AP. Rodrigo olha para mim varias vezes,
eu queria saber o que estava passando em sua cabeça,era notável que estava
gostando da minha companhia e eu claro adorando cada minuto ao seu lado. Então
ele abaixa o som e volta a conversar.
—As
vezes ate parece que já nos conhecemos a muito tempo. Gostaria de ter tido a
chance de conhecer bem mais antes.
—
E imaginar que já faz um certo tempo que você esta no escritório. Sempre tive
vontade de fazer amizade com você, mas faltava oportunidade— falei.
—
Sempre fui de poucos amigos, porem sei valorizar os poucos que consigo fazer.
No escritório mesmo, você até agora é a única pessoa que vejo como um amigo, o
restante são apenas colegas de trabalho— disse ele.
Rodrigo
estava destacando demais a amizade, pelo visto estava me vendo mesmo como um
amigo. Chegamos em frente ao meu prédio, já não havia mais movimento,
pouquíssimos veículos passavam por ali naquele momento.
—
Bom Felipe, esta entregue.
—
Eu sim, mas você havia falado que estava cansado,tem certeza que pode dirigir,
não corre risco de acabar dormindo? Pode dormir em casa— disse eu, torcendo
para que ele aceitasse minha sugestão.
Rodrigo
sorriu e disse que estava bem disposto, que não tinha menor chance dele dormir
ao volante, e que não iria me incomodar. O meu desejo era de não descer do
carro, de não permitir que ele fosse embora, queria leva-lo comigo para o meu
quarto, para minha cama, tirar cada peça de roupa do seu corpo e depois de
muito prazer dormir com nossos corpos colados um ao outro. Expliquei a ele que
eu morava sozinho e que não seria nenhum incômodo receber ele em minha casa.
—
Eu, contrario de você não moro sozinho— disse ele sorrindo.
—
Não? E mora como quem?
— Com
minha mãe. Tenho um irmão mais velho que eu, ele se casou a pouco mais de um
ano, e se mudou para outra cidade,quando surgiu uma melhor oportunidade de
trabalho— explicou Rodrigo.
Depois
de tantas horas juntos, pela primeira vez Rodrigo revelou algo sobre sua vida
familiar,era bem visível pelo seu tom de voz que sua mãe era muito querida e
que ele tinha um zelo muito grande para com ela.
— Há
quase dois anos que resolvi morar sozinho, queria a minha independência, e meus
pais me deram todo apoio, mesmo sendo filho único, acabaram acatando meu desejo
de morar sozinho. Não quer mesmo subir, pelo menos para conhecer onde me
escondo — disse eu rindo.
—
Prometo que em outra oportunidade conhecerei seu apartamento, porem hoje não é
possível mesmo. Preciso ir.
—
Tudo bem, não irei insistir , mas espero uma visita sua— falei um tanto quanto
desapontado.
—Combinado.
Desci
do carro e fiquei olhando Rodrigo partir. Já na sala do meu apartamento, sentei
no meu sofá e fiquei por um tempo pensando sobre tudo o que conversamos e a
forma como ele me olhava. Cansado eu precisava de um banho para ir pra cama.
Tomando meu banho fiquei imaginando como seria maravilhoso ter Rodrigo ali
comigo,não era apenas o desejo, mas eu estava apaixonado perdidamente por ele.
Uma ideia surgiu, será que ele tinha ido mesmo para casa? Quem sabe ele tinha
marcado algo com a pessoa que havia ligado para ele antes quando estávamos no
barzinho.Sai do banho e segui para o meu quarto e como de costume fui conferir
meu celular, se não tinha alguma mensagem ou ligação, e para minha surpresa
tinha sim uma nova mensagem, era de Rodrigo o dono de todos os meus pensamentos
e desejo ardente, eram essa as palavras na mensagem:”Tenha uma ótima noite,
obrigado pela sua amizade. Abraço”. Me perguntei se era mesmo amizade o que ele
queria de mim, pois a forma como me olhava era tão instigante, por alguns
momentos parecia que me deseja igual eu o desejava. Depois de já estar deitado,
resolvi responder seu torpedo dizendo na mensagem: “Boa noite, gosto muito de
você. Forte abraço.” Fiquei pensando se ele estava dormindo, se pensava em mim,
e por fim se estava mesmo em sua casa, algo me dizia que não, ele tinha ido
para outro lugar qualquer, menos sua casa, um sentimento me invadiu, era
ciúmes, não me saia da mente a imagem de Rodrigo nos braços de outra pessoa.
Rodrigo
era o tipo de homem que eu sempre quis conhecer, e ter ao meu lado para poder
amar, tive poucas experiências, quando tinha dezoito anos de idade namorei uma
garota, um namoro que durou sete meses,mas nesse mesmo período conheci Matheus
um cara que me fez sentir um prazer, que eu não sentia com Thais, minha
namorada, foi com ele que rolou meu primeiro beijo gay, minha primeira transa
com um cara, ficamos juntos por quase dois anos, ele precisou se mudar o que
fez nós seguir caminhos opostos, depois de Matheus é claro que conheci outros
caras,fiz sexo por sexo muitas vezes, mas não era isso que eu queria, porque
era essa a imagem que eu tinha de todo gay, que eram pessoas em busca de sexo,
apenas sexo, e com Rodrigo era diferente não queria apenas ir para cama com
ele, queria ele comigo todos os dias, no entanto eu tinha que saber o que
realmente Rodrigo curtia, se era homens, mulheres ou os dois, queria entender porque ele se
esquivava do assunto relacionamento e em nenhum momento se referiu aos seus
relacionamentos revelando o sexo deles, eu precisava de uma resposta e estava
disposto a obtela.
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