Capitulo III
O
relógio marcava onze e quinze da manhã, sonhei com Rodrigo praticamente a noite
toda, além de tomar meus pensamentos quando estava acordado, também estava
presente em meus sonhos. Quando se esta apaixonado, o primeiro pensamento que
vem a mente quando se acorda é a pessoa amada.
Enquanto
tomava meu café da manha, senti vontade de mandar uma mensagem de bom dia para ele
,mas não queria parecer um bobo apaixonado, eu nem sabia o que estava
acontecendo entre nós. Acabei não resistindo e digitei um texto desejando bom
dia e enviei torcendo para que muito rápido tivesse uma resposta.
O
telefone tocou, pensei que fosse ele , era minha mãe querendo saber como eu
estava e se eu não estava afim de almoçar com ela. Naquela manha ensolarada de sábado,
como estava me sentindo um pouco cansado, achei melhor ficar em casa mesmo e
prometi a minha mãe que iria passar o domingo com ela e meu pai.
Nenhum
sinal de Rodrigo, tive vontade de ligar
para ele, mas faltou coragem, não poderia esperar até segunda-feira para o ver no escritório, precisava disso urgente, era
sábado e podia ser o dia certo para leva-lo a boate como tinha prometido a ele.
Minha mensagem de bom dia não teve resposta, pensei que ele ainda estivesse
dormindo, ainda mais se ele não tivesse seguido direto para casa assim que me
deixou em frente ao meu prédio na noite passada, eu precisava tira-lo da
cabeça, não podia viver pensando nele, tinha outras coisas a fazer, ele não era
minha razão de viver, mas estava se tornando inevitável não pensar no homem
perfeito que ele era. Se ele desse sinal de vida o convidaria para sairmos a
noite, queria estar com ele novamente.
Meu
celular acusa o recebimento de um torpedo, droga! Era a operadora. Rodrigo não
se manifestava, cansado de esperar mandei outra mensagem, perguntando se ele
estava bem.Quarenta minutos depois de tanta espera e expectativa, decidi ligar
para ele, e para minha tristeza deu na caixa postal, comecei a ficar
preocupado, se eu tivesse o fone de sua casa. Ligaria para saber se ele estava La.
Acabei
adormecendo No sofá, e acordei com o celular tocando,sem conferir o
identificador de chamadas atendi, era Rodrigo.
RODRIGO — E ai como você está?
FELIPE — Estou bem.Acabei cochilando aqui no
sofá na sala, estava preocupado com você, não respondeu meus torpedos, liguei e
seu celular caiu na caixa postal.
Ele
deu risada, e pelo tom de sua voz havia acordado a pouco .
RODRIGO — Acredita que acabei de acordar— após completar a frase ele riu
novamente.
Meu
coração se alegrara por ele ter acordado e a primeira que fez foi me ligar, me
senti importante para aquele homem de voz grave e marcante.
FELIPE —Já tem planos para hoje a noite?
RODRIGO — Ainda não pensei em nada, talvez fique em casa mesmo.
Eu
queria convida-lo para irmos a uma balada a noite, mas me faltava coragem.
FELIPE — Estou com vontade de pegar uma
balada, no entanto sozinho não tenho o menor animo em sair de casa— completei
com uma risadinha sem graça.
RODRIGO — Pois é, sair sozinho é complicado mesmo.
Bem
que ele poderia se oferecido para sair
comigo, mas ele não disse nada a respeito e eu fiquei ainda mais sem graça de
convida-lo. Percebi então que ele queria encerrar a conversa.
RODRIGO — Então é isso.
Quando
alguém diz algo parecido com o que o Rodrigo falou no telefone, logo concluo
que a pessoa esta querendo desligar, minha alegria agora dera lugar, ao
desanimo, era como se eu tivesse levado um balde de água geleda numa manha de
fria de inverno.
FELIEPE — Tenha um bom sábado Rodrigo.
RODRIGO — Igualmente.Abraço.—desligando em seguida.
Estava
desolado, era grande minha espectativa em sair com Rodrigo naquele dia a noite,
pensei que eu deveria ter sido mais direto e o convidado, mas por outro lado a
forma com que eu tinha falado para ele era praticamente um convite.A ideia de
que ele poderia ter feito alguma coisa logo após ter me deixado frente meu
prédio voltou, ele deveria estar cansado ou ate mesmo o sábado a noite estaria
reservado para pessoa dos torpedos e da ligação da noite anterior.
Eu
estava com ciúmes, isso era evidente, raiva, vontade de gritar e sair quebrando
tudo, não era possível esta apaixonado por um cara que provavelmente estava
enrolado,seja em um relacionamento homossexual ou hetero.Apesar do Rodrigo não
falar de sua vida pessoal e muito menos de seus envolvimentos amorosos, eu
ficava imaginando mil coisas que ele poderia estar vivendo.
Não
era a primeira vez que eu vivia isso de gostar de alguém e não se
correspondido, pois era isso que eu estava sentindo como se não fosse
correspondido, um sentimento platônico. Fiquei por um bom tempo deitado no sofá
na sala olhando para o teto e fazendo perguntas, sobre o que estava acontecendo.
Porque ele me olhava de um jeito diferente? Porque ele parecia se preocupar
comigo? As vezes era como se eu fosse especial para ele, porem eu tinha consciência
de que tudo isso poderia ser apenas coisa da minha cabeça e para ele eu fosse
apenas um amigo.
Coração apertado e com vontade de chorar, eu estava me
sentindo sozinho, os poucos amigos que tinha feito durante minha vida, eu já
não os tinha mais,na real amigos mesmo eu nunca tinha feito, eram apenas
colegas eu não tinha mais paciência e saco para viver um personagem hetero,
pois se eu saísse com caras heteros, era isso que tinha que ser um personagem
hetero, conversar sobre assuntos que eu não tinha a melhor vontade de falar.
Teve uma época da minha vida que eu até saia com grupinho de jovens heteros, pessoal
do meu prédio, do colégio e depois da faculdade, mas isso até eu conhecer o
cara que meu deu o primeiro beijo gay e minha primeira transa com um homem.
Depois que conheci o Matheus e vive com ele um período que foi
muito importante para mim, novas experiências, novas sensações, uma nova visão
do que era sexo, amor, cumplicidade. Com o Matheus do meu lado aos poucos fui
me afastando dos colegas, sempre saia com ele, apenas nós dois, eu gostava
muito dele mas sua partida foi inevitável. Agora o que eu estava sentindo pelo
Rodrigo era mais forte que o que eu senti pelo Matheus, e detalhe, com Rodrigo
não houve nenhum contato físico e mesmo assim eu sabia bem o que estava
sentindo. Muitos me chamariam de louco, idiota por gostar tanto de alguém que
eu não tinha a menor ideia se curtia homem, um cara que eu não sabia se um dia
iria beijar, senti-lo. Como poderia estar apaixonado tanto a ponto de só pensar
nele.
O Matheus foi especial, mas o Rodrigo era diferente,ele era o
cara que eu sempre idealizei como parceiro, namorado. Era o tipo de cara que
fazia parte de todas as minha fantasias, o cara perfeito.
Bastou uma noite bem próximo dele, apesar de nenhum contato
físico para meu sentimento por ele ter dobrado de tamanho, o que eu sentia por
ele antes da noite passada aumentara muito. Na segunda feira provavelmente o
iria ver mas seria coisa rápida, como de costume, por trabalharmos em setores
diferentes do escritório.
Ao olhar para janela notei que a noite chegara e com ela um
sentimento de solidão,me levantei e fui ate a janela e fiquei olhando para o
horizonte, do sétimo andar podia ver outros prédios, casas, ruas e avenidas, as
luzes se ascendendo. O céu tinha aquele contraste dourando de quando sol acaba
de se por.
Eu estava melancólico, sentindo o peso de ser gay, de estar
apaixonado por um homem misterioso que eu não tinha a menor ideia se ficaria
com ele algum dia. Olhando para a cidade que se iluminava, fiquei pensando que
se eu fosse hetero talvez não estivesse tão sozinho, poderia estar com vários
amigos.
Meu
celular começa a tocar. Era minha querida mãe, queria saber se eu iria sair e
passar suas recomendações..cuidados
de mãe.Se ela soubesse o quanto eu estava precisando do seus cuidados e
carinhos. Depois de falar com ela , fui para o banho e em seguida preparei algo
para comer e fiquei o resto da noite no computador.
Quando
estou triste, gosto de ouvir musica, viajar em pensamentos, fechar os olhos e
imaginar tudo aquilo que me faria feliz, que traria alegria ao meu coração. Pronto
para dormir, deitado em minha cama,fiquei me perguntando o que o Rodrigo
deveria estar fazendo, onde estaria e com quem poderia estar, beijando, na cama
com alguém, aquelas imagens que surgiam
em minha mente eram uma tortura.
Acordei
as dez e meia da manha, como havia programado o despertador do celular, e ao
acordar logo lembro do Rodrigo, e meu coração se aperta em angustia que me
fazia sentir perdido sem chão. O desejo havia dado lugar a uma paixão
avassaladora que me consumia.
O
vazio no peito e uma angustia, que eu já havia sentindo antes, quando Matheus
partiu, levou um tempo para eu me recuperar, mas agora eu sentia tudo com mais
força e por um cara que nem se quer havia beijado. Levantei-me e fiquei diante
do espelho do meu guarda roupa no qual eu podia ver todo o meu corpo, que
estava a cada dia ganhando mais massa magra, eu usava uma cueca boxer branca,
acho lindo homem de cueca boxer branca, assim como acho que também fica muito
bem em mim.Meu abdomem estava ficando trincado, algo que me deixara alegre,
fiquei ali por uns cinco minutos me admirando e disse a mim mesmo:
—
É Felipe seu corpo esta ficando como você sempre quis— meus esforços estavam
tendo resultado.
De
banho tomado e roupa trocada, peguei minha moto e segui para a casa dos meus
pais, manha ensolarada de domingo seu azul sem nenhuma nuvem. Vinte minutos
depois de sair de casa, estava eu, entrando no elevador do prédio, onde moram
meus pais e logo depois de mim, entra um verdadeiro deus grego, um cara de
olhos verdes, cabelos negros lisos e os usava arrepiado com gel, usando tênis,
shorts e regata branca com algumas sacolas nas mãos, aparentando ter mais de um
metro e oitenta de altura, pele clara, rosto e corpo perfeitos, parecia modelo
de comercial de cuecas, um corpo invejável, não era bombado e sim sarado.
Como
se ele tivesse percebido como eu fiquei impressionado com sua beleza deu um
lindo sorriso e me cumprimentou:
—
Bom dia! Tudo bem? Não pego na sua mão pois como pode ver — disse ele fazendo um sinal com a cabeça paras
as mãos cheias de sacolas.
— Bom
dia!! Parece que está tendo dificuldade com essas sacolas, posso te ajudar?—
disse me oferecendo a ajuda-lo, simpático aceitou minha ajuda.
Todos
iram dizer que eu não resisto a um homem bonito, mas era impossível não se
impressionar com tanta beleza.
—
Você é novo aqui não é ? — perguntei.
—
Me mudei a uma semana— respondeu ele sorrindo.
—
Quase todos os domingos venho a casa dos meus pais e nunca tinha o visto por
aqui.
Além
de ser um gato ele era muito simpático, sorria o tempo todo, quando a porta do
elevador se abriu eu disse:
—Posso
te ajudar com as sacolas até seu apartamento — disse eu.
Para
minha surpresa Rafael estava morando no mesmo andar que meus pais.
—
Aceito sua ajuda, são muitas sacolas para apenas duas mãos — disse ele com um sorrisão gostoso.
— Meus
pais também moram nesse andar— disse eu surpreso.
— Se
morasse com eles, seriamos vizinhos — respondeu ele.
O
lindo rapaz colocou as sacolas no chão frente a porta do seu apartamento, tirou
as chaves do mesmo do bolso, fiquei do seu lado com meu capacete na mão
esquerda e com algumas das sacolas dele na outra mão.
—Entre
por favor— disse ele após abrir a porta,
de novo com aquele sorriso lindo, entrando logo após a mim.
O
apartamento do bonitão, era muito bonito e bem decorado. Ele foi em direção a cozinha e pediu que eu o acompanhasse ,
chegando nela colocamos todas a sacolas sobre a mesa de mármore no centro da
conzinha.
—
Muito obrigado pela mãozinha, como é mesmo seu nome?
—
Por nada,me chamo Felipe, é sempre bom poder ajudar.
—
Felipe...meu nome é Rafael. Quando quiser trocar uma ideia e só bater ai na
minha porta.
—
Claro — disse eu sorrindo — nos falamos
outra hora então, agora tenho que ir, minha mãe me espera.
O
acompanhei ate a porta que ele abriu e mais uma vez disse:
—
Então quando quiser bater um papo ja sabe onde me encontrar — disse ele
sorrindo e me apertando a mão.
—
Até mais cara.
—
Até, Felipe e mais uma vez valeu pela forcinha.
Segui
em direção ao apartamento dos meu pais que me aguardavam para o almoço. Minha
mãe como sempre me recebera com um abraço gostoso e um beijo em minha testa.
—
Oh meu filho lindo, estava morrendo de saudades— disse ela passando a mão
direita nos meu cabelos.
Eu
a abracei bem forte, precisava muito de um abraço da minha mãe e amiga, pois
alem de ser uma super mãe ela sempre foi uma amigona minha.
—
Onde esta o pai?- perguntei
—
Na cozinha.
—
Vocês tem um vizinho novo acabei de conhece-lo.
—
Ah sim, você deve estar falando do Rafael—
disse minha mãe demonstrando já conhecer o rapaz.
Minha
mãe e uma mulher de pele clara, cabelos castanho escuros, cortados na altura
dos ombros, 1,71 de altura e seus 58kg de uma personalidade doce, ela sempre
trata a todos com muito carinho e atenção.
Ao
chegar na cozinha encontro meu pai sentado a mesa de costas para a porta, me
aproximei colocando a Mao direita em seu ombro esquerdo.
—
Tudo bem com senhor?
—
Com fome, mas estou bem— disse ele rindo
e colocando sua mão sobre a minha que estava em seu ombro.
—Não
era minha intenção atrasar nosso almoço pai.
Com
meu pai o contato físico desde criança não fora como era com minha mãe, porem
ele sempre foi amável comigo e sempre me deu a maior força, principalmente
quando resolvi morar sozinho. Ele dizia que a independência era algo que se
ganhava com a maioridade, mas que acabaria quando se casava.
O
casamento de meus pais era uma relação bonita, de muita cumplicidade, eu tinha
certeza de que havia muito amor e respeito entre eles. Lembro que quando
criança eu ficava assistindo futebol com ele na televisão e ficava a cada cinco
minutos perguntando quais eram os times que estavam jogando e qual estava
ganhando, não que futebol fosse algo que eu gostasse, mas como via meu pai
vibrando com seu time, eu acreditava que aquilo era algo que todo homem tinha
que fazer.
Mas
o que eu gostava mesmo era ficar deitado na cama deles com a cabeça apoiada no peito
de minha mãe que sempre fora imensamente carinhosa e zelosa com seu único
filho. Acredito que toda mãe de filho único deve ser assim, como tem um filho
apenas, todo seu amor e carinho e voltado para o mesmo.
Lembro
que muitas vezes quando bem criança eu dormira junto com meus pais,
principalmente em noites de frio intenso, claro que a pedido de minha mãe,já
meu pai, sempre dizia, que era para eu ir para minha cama, mas minha mãe sempre
dizia que era para eu ficar, isso aconteceu muitas vezes até os meus 11 anos,
depois disso era minha mãe que ficava na minha cama comigo me fazendo cafuné
ate eu pegar no sono.
Minha
mãe começou a colocar o almoço na mesa, e eu prontamente fui ajuda-la.
—
Esse meu filho sempre prestativo e gentil —
disse ela segurando uma travessa
de lasanha, colocando em seguida sobre a mesa.
—
Hum que delicia, essa lasanha deliciosa que só a senhora sabe fazer.
—
Quem sabe com alguns agradinhos eu consigo fazer com você volte a morar conosco
— disse minha mãe, sentando-se a mesa.
—
Sabe mãe isso pode até acontecer.
—
Você morar com nós? — perguntou meu pai
muito surpreso.
—
Sim pai, ás vezes penso nessa possibilidade.
—
Eu ficaria muito feliz se isso acontece filho— disse minha mãe toda animada.
—
Estou surpreso Felipe, você fez tanto questão de ir morar sozinho e agora esta
pensando em voltar morar com nós, não vai me dizer que já cansou de curtir o
lado bom de morar sozinho, acredito que você tem recebido muitas gatinhas em
seu apartamento, jovem como você é não pode ter enjoado — disse meu pai rindo.
Impressionante
como morar sozinho para muitos é sinônimo de sexo, pois para meu pai era
exatamente nisso que ele acreditava, que eu todo dia levava uma garota
diferente na minha casa para transar. Ah como ele estava enganado, minha casa
nunca foi cenário de cenas de sexo ou coisas do tipo.
—
Eu duvido muito que o Felipe faça isso, conheço bem meu filho, jamais que ela
faria de sua casa um motel — disse minha mãe reprovando meu pai.
Sempre
fui muito discreto, acredito não ter em nenhum momento deixado transparecer que
era gay, mas as vezes eu chegava acreditar que minha mãe sabia da minha
orientação sexual, já o meu Pai, não sei se ele dizia essas coisas para me
testar.
Assim
que terminamos de almoçar, lavei as louças em quanto minha mãe preparava um
bolo, que segundo ela era especialmente para mim. Meu pai estava na sala vendo
TV.
—
Você estava falando serio quando disse que pensa as vezes em voltar a morar
aqui? — perguntou minha mãe misturando os ingredientes do bolo.
—
Sim, sinto falta do seu carinho, de seus cuidados, sempre fomos muito próximos
— respondi dando um beijo em seu rosto.
—
Eu irei adorar se isso vier acontecer— vibrou minha mãe.
—
O cara ai da frente a senhora o conhece? — perguntei concentrado nas louças que
eu lavava.
—
Está falando do Rafael?
—
Sim, do próprio.
—
Conversamos algumas vezes, ele é muito simpático, e como sinto sua falta,
acabei me simpatizando com ele. Até comentei com ele, sobre você filho.
— Comentou
o que? — perguntei curioso.
—
Ah nada demais, simplesmente que tenho um filho, mas que não mora comigo no
momento.
—
Hum....ele parece ser legal.
—
Acredito que seja sim— afirmou minha mãe, que agora ligara a batedeira.
Por
alguns instantes eu não havia pensado no Rodrigo, e agora eu tinha conhecido o
Rafael que era vizinho dos meus pais, um cara lindo e muito gostoso. E estava
eu desconfiado de que o Rafael era gay, será que agora todos os caras que me
tratasse bem eu iria achar que fosse gay?
Terminei
de lavar a louça e fui ficar com meu pai na sala, para conversarmos um pouco,
logo minha mãe veio e disse que o bolo estava pronto. Meu pai estava de olho no
futebol na TV, então fui para cozinha provar o delicioso bolo de chocolate com
cobertura de chocolate.
— Muito
bom esse seu bolo mãe, desde criança é o meu favorito — disse eu sentado a mesa
devorando o primeiro pedaço do bolo.
—
Eu sei bem disso filho, por isso mesmo que fiz — disse minha mãe toda feliz.
—
Coisas de mãe — consenti
—
Me passou pela cabeça convidar o Rafael para comer um pedaço de bolo — disse
minha mãe.
—
Hum...não gostei da ideia, estou com ciúmes— disse eu em tom de brincadeira.
Seria
uma ótima oportunidade de conhecer melhor aquele lindo rapaz.
—
O que você acha filho?
—
Por mim, não vejo nenhum problema.
—
Acho que o Rafael pode ser um bom amigo para você — disse minha mãe, servindo
mais um pedaço do bolo para mim.
—
Posso ir chamar ele? — perguntei
—
Sim, mas antes termina de comer esse pedaço de bolo em seu prato— ordenou ela.
Após
terminar de comer, fui até o apartamento de Rafael, toquei a campanhinha e logo
a porta se abriu.
—
Felipe! — disse Rafael surpreso comigo a sua porta.
—
Tudo bem? — perguntei meio sem reação.
—
Entre por favor — disse ele abrindo caminho para mim.
Rafael
estava sem camisa, usando apenas um shorts, foi inevitável não reparar no seu
peitoral e abdomem definidos.
—
Vim te convidar para saborear o bolo de chocolate da minha mãe— falei parado a
sua porta.
—
Sério?
—
Sim, é serio,minha mãe que sugeriu e eu aprovei a ideia — eu disse com um
sorrisão, esperando um sim de Rafael.
—
Nossa cara, acho que estou com vergonha de ir a sua casa e ainda para comer
— disse Rafael parecendo estar
desconfortável.
—
Se você achar melhor eu posso trazer um pedaço do bolo para você — sugeri.
Rafael
aprovou minha ideia, então fui até a casa dos meus pais, expliquei a minha mãe
que Rafael ficou sem jeito de ir até La, minha mãe compreendeu e preparou um
generoso pedaço do bolo de chocolate para que eu levasse para ele. De volta a
casa dele seguimos ate sua cozinha, ele ate insistiu para que comesse com ele,
mas eu já tinha comido muito.
—
Não vai mesmo me fazer companhia, vou comer sozinho esse bolo delicioso e você
vai ficar me olhando — disse Rafael após ter provado o bolo.
— Estou
satisfeito de bolo por hoje Rafael
Até
que foi bonitinho ver ele comendo, Rafael sabia ser bonito.
Estávamos
sentados a mesa, e então Rafael começou a perguntar sobre minha vida, após eu
contar alguns detalhes da minha vida, ele também falou sobre a sua, me
revelando que era modelo, não foi a toa que quando o vi no elevador mais cedo
imaginei que ele fosse modelo.
—
Você tem pinta de modelo mesmo.
—
E por que diz isso? — pergunta Rafael
—
Ah cara, você é bonitão, tanto de rosto como de corpo— respondi um tanto sem
graça, pois minha resposta foi bem comprometedora.
—
Sendo assim, também poderia dizer que você é modelo.
Rafael
olhava fixamente nos meus olhos, e em algumas vezes em minha boca, como se ele
quisesse prova-la. Algo estava acontecendo, e eu estava extremamente excitado.
Comecei a rir e disse:
—
Se alguém presenciasse essa troca de elogios, poderia pensar coisas a nosso
respeito.
Rafael
pergunta:
—
Que tipo de coisas?
—
Ah você sabe, dois homens falando da beleza do outro.
—
Você acha que um homem admitir que o outro é bonito é comprometedor, coloca a
masculinidade em duvida? — pergunta o modelo.
—
Não de forma alguma, não quis dizer isso, mas é que seu meu pai ouvisse nossa
conversa não sei o que pensaria.
—
As vezes nos preocupamos tanto com o que os outros vão pensar de nós, que
acabamos não vivendo da forma que gostaríamos.
Eu
simplesmente consenti balançando a cabeça.
—
O que você curte fazer nas horas vagas? —
perguntou ele.
—
Curto pegar uma baladinha, mas tenho poucos amigos, ultimamente estou muito
sozinho — respondi o tanto melancólico.
—
Não tem namorada?
—
Não tenho Rafael, namorei uma vez, mas já faz algum tempo — respondi.
Ele
estava me sondando, eu tinha certeza, mas o medo de dar um passo em falso, travou-me.
—
Não quer se prender a ninguém, certo?
—
Pelo contrario, difícil é encontrar alguém que queira um relacionamento— disse
eu olhando em seu olhos.
—
Mas sendo bonito como você é, deve fazer muito sucesso na hora da paquera—
disse Rafael sorrindo.
— Eu bonito? — perguntei.
—
Pode parar Felipe, você é um gato cara, não vai me dizer que não reconhece
isso?
Rindo
eu disse:
—
Me considero bonito sim Rafael, e também modesto.
—
Isso que admiro em uma pessoa.
—
A beleza ou a modéstia? — perguntei rindo.
—
Para ser sincero as duas coisas.
Ele
afasta a cadeira e se levanta, em seguida me convida para o acompanhar,
seguindo ele passamos pela sala e logo estávamos em seu quarto.
—
Que cara é essa Felipe?
—
Como assim Rafael?
—
Esta com medo de mim? — disse ele ligando uma bela televisão de plasma — fica a
vontade, pode sentar, deitar em minha cama.
Eu
estava o tanto quanto sem ação, e para ser sincero estava com medo do que
poderia rolar ali.
—
E porque eu estaria com medo de você? —
perguntei.
—
Por estar no meu quarto, não sei o que pode ter passado em sua cabeça.
—
Imagina cara — disse eu sentando em sua cama, tentando disfarçar meu
nervosismo— não pensei em nada não.
Rafael
saltou em sua cama, pedindo em seguida que eu me deitasse para ver TV com ele.
—
Prefere conversar ou ver televisão? — perguntou o bonitão.
—
Prefiro conversar cara, curti para caramba seu papo.
Ficamos
sentados apoiados na cabeceira da cama.
—
Me diz Felipe, quais qualidades alguém tem que ter para de conquistar?
—
Gosto de gente bonita, inteligente e sem vícios.
—
Gente? Isso engloba mulheres e homens? — perguntou ele olhando para mim.
Rafael
se mostrou bem direto, e certamente desde o primeiro momento em que estivemos
juntos ele sabia que eu era gay, agora ele buscava uma confirmação disso, e eu
não sabia o que fazer, se mentia ou se falava a verdade para ele.
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